Eu não sou para os que buscam uma imagem. Nem vim para agradar àqueles que querem a pele cheia de maquiagem, os cílios alongados, os óculos da marca famosa, as roupas da estação. Eu não tenho a foto da viagem de frente pro mar, nem a da festa da cobertura. Também não tenho os vídeos com os filtros do momento nem a piada viralizável pra você enviar pros amigos Eu não estou atrás de números, nem de pessoas que estejam atrás de números. Não busco o amor das volatilidades, nem os sorrisos brancos, mas falsos. Eu não tenho todas as alegrias para oferecer e nem um modelo exemplar para te ceder. Eu não sei de fórmulas e formulários pra te conquistar. Nem tenho o interesse de me tornar uma popstar. Eu não sei fazer de mim a imagem que todos dizem que é preciso ter, para no mundo virtual, se conseguir vencer. Eu só sei ser o que sou. Muitas tristezas dentro das gargalhadas, dias sonhados ao longo de insônias e madrugadas. Um rio cheio das angústias de quem vive, de quem teme, mas acorda no dia seguinte e dá um passo à frente. Sim, cheia de medo, desejos e confusão. Mas com o coração em confiança, todas as fés no peito e, na mão, a esperança da satisfação. Eu não sei ser só o que há neste mundo de bom. Pode ser que eu acorde com olheiras de choro e não queira disfarçar. Pode ser que eu esteja de mau humor e não vou saber fingir pra você não notar. Eu sei ser apenas essa versão humanizada da pessoa real por trás da imagem recortada. E todos aqueles que me quiserem acompanhar, que seja não porque sou uma breve paisagem ao seu instantâneo olhar. Mas porque reconheceram em mim uma palavra sincera, porque são sensíveis o suficiente para aceitarem que são humanos e, no ser humano faltoso que sou, descobriram a sua chance de também se humanizar.
Crédito da Foto: Edu Lauton.