Temos a ilusão de achar que tudo o que termina, chega ao fim. Mentira. O que termina vive, muito mais dentro de mim. Pode ser pessoa, amor, amigo, trabalho, coisa, casa, cidade, não importa. O que foi, fica. Lá dentro. A vida é um labirinto de experiências que se tingem em nós, que nos impregnam. Somos muros cheios de seus grafites. Algumas coisas sublimamos, escondemos lá no fundo. Outras, quase moram à superfície. Mas tudo o que chega ao fim, mesmo não estando mais à vista, dentro de nós, nos modifica. É assim que a vida se guarda para sempre. Dentro da gente. O passado nos mora. Ele é presença, é presente. A memória pode até se livrar dele, mas ele já fez sua obra. Já foi o que tinha de ser em nós. É assim que a vida se guarda viva para sempre. Então, não se iluda se amanhã você passar na rua e não quiser cumprimentar aquela pessoa, ex-amiga, ex-amor. Ela é parte de você. Mesmo que isso, você tente, com todas as forças, se esquecer.
Crédito da foto: Mika Ruusunen