Sou uma pessoa simples. Algum dia, talvez, por pouco tempo, eu tenha me iludido com o glamour, com as maquiagens, com as riquezas, com as poses. Hoje, não mais. Hoje sou essa aí. Na rede laranja. No meio do mato. Com meus cães no meio das pernas, com meus livros no meio das mãos, com as palavras e a poesia no meio da cabeça, com meu amor, minha família, meus amigos, no meio do meu coração. Depois de muito rodar, viajar o mundo, frequentar os melhores restaurantes, ser a dona da cobertura, vejo que, sim, ok, tudo foi bom, tudo continua sendo. Mas nada é melhor do que eu saber que estou em paz por dentro. Do que eu saber que sou “gente”, de coração bom, disposta a ajudar, a ouvir, a consolar, a estender a mão. Gosto mais de quem sou hoje. Gosto mais de como me sinto sendo simples assim. Nada contra quem viva e pense diferente. Cada um de nós sabe onde acha a sua própria felicidade. E a minha eu acho nesses momentos, nessas “horinhas de descuido” onde a gente se sente parte do mundo, integrada, como se fôssemos ao mesmo tempo a flor e o pássaro em busca do néctar… Essas coisas poéticas, esse sentimento de que a vida, sim, tem seus dias nublados, mas estes também merecem nosso afeto. Sei lá, é um amadurecimento de compreensão. De gratidão. Um algo encantado, que vibra naquilo que é sossegado, naquilo que nos faz mais sensíveis a tudo. Hoje, sim, de moletom, cafuné no meio dos dedos, um cafezinho quentinho, um pãozinho com manteiga estalando na boca, isso, sim, me faz feliz pra caramba, isso sim me mostra que a vida é aquilo pulsa em nós, quando nós somos o pulso do milagre.