Eu só vim pra isso e praquilo… Vim pra ver que viver é mais, é menos, é maior, é menor. Eu só vim e aqui estou pra amar, pra estar de bem e de mal, pra ser feliz, pra perder. Vim pra dizer que sou o que sou e também o que finjo ser.
Vim pra me desdizer toda vez que errar e, logo em seguida, errar de novo e de novo e novamente de novo, até acertar… Eu vim pra chegar atrasada, pra ser amada, brindada e pontualmente negada. Vim pra ser doce e azeda de doer. Eu vim porque quis e também porque não tive querer.
Eu vim e, já que aqui estou, vou indo, do meu jeito, do jeito dos outros, copiando, me sendo, me refazendo, me curtindo e me gozando… Porque eu só vim pra isso e praquilo tudo. E também praquilo nada. Eu vim pra pouco e pra poucos. Eu vim pra seguir adiante, pra desistir, pra me frustrar, pra me chorar e, assim, me pagar um sorriso numa nova rodada.
Eu vim pra ceder, pra me render e pra me rendar. Eu vim pra ir praquele lugar! Eu vim pra deixar de ser mandada, pra experimentar, pra fazer e desfazer acertos… Eu vim porque sim, ora, e por quê não?! Só vim pra isso e por isso eu vim… Sei lá pra quê, sei lá por quê, só sei que vim e gostei… Gostei de sentir saudades e sentir todos os sentimentos… Gostei de gostar de viver e de pensar que também gostaria um tiquinho assim de morrer… Gostei de mudar de ideia e achar a morte a coisa mais fútil do mundo… Gostei de gostar da vida e achá-la a melhor banalidade que existe.
Gostei de ser boa e gostei de odiar ser má. Gostei de saber que sou e também de saber que não sou nada, mas que para alguns que me amam, ah, sou tanta coisa. Gostei de ter gostado e mais ainda de ter amado. Nossa, como eu gostei disso, aliás, eu amo! Gostei tanto de vir que não me canso de agradecer a quem me trouxe.
Até agora, com dias de sol ou de chuva, andando sobre ou fora dos trilhos, essa festa de viagem está sendo o melhor presente da vida.