Com a modernidade inventa-se a “novidade”. Novidade atrás de novidade atrás de novidade. Canta Paulinho Moska, “tudo novo de novo”. O novo é a regra. O que ficou pra trás, a exceção banida. O passado é o algo a se esquecer. E a nossa memória… é o Google.
A nova noção do tempo é de abarrotamento. Tempo sobrando é crime. Sua agenda não está toda tomada de compromissos? Coitadinho… Você não sabe mesmo viver. Você não dá conta de todas as novidades, gadgets e notícias internacionais? Coitadinho… Você está tão obsoleto. Por que não se esquece de uma vez?!
Você não pode – nem deve – parar. Durma pouco, mastigue menos ainda e transe com um cronômetro do lado da cama. Você ainda não faz isso? Então, corra até a próxima livraria, compre um livro da série Dummies e aprenda a gozar em menos de 20 segundos. Anda logo, Time is Money, baby!
Hoje, dentro de um mesmo tempo, há todas as coisas juntas e mais um pouco. Você não pode parar. Você não pode parar, entendeu?! Ora, você é uma máquina ou um homem?! Não basta viver só a sua vida, você tem que viver a vida do mundo. O mundo, em todas as suas latitudes, agora deve estar dentro de você. Você é um microssistema que deve ser capaz de absorver um vasto sistema. Você é a inversão da lógica das coisas. Você é um dinâmico processador.
O tempo se desdobrou. E, por isso, você também deve se desdobrar. Em dobro, em triplo, em décuplo. Saia do carrossel que gira lento. Monte os puros-sangues e vença todos os páreos. Dispute-se. Recrie-se. Seja-se o novo de novo e de novo de novo, até ficar velho. O importante é não parar para nada, inclusive, para viver. O importante é não parar para nada, inclusive, para pensar. Porque se você parar para pensar, você poderá descobrir que o novo é só uma releitura repetitiva do velho. Não. Não faça isso consigo. Continue bradando seu lema: A única verdade é a novidade!
E a novidade é que tudo é de novo, sem nada de muito novo.