Às vezes a gente se perde. Fica sem saber pra que lado seguir. Olha pro lado e vê um amigo apontando naquele sentido. Pois aquele sentido faz sentido pra ele. Aí, mal viramos a cabeça, temos um outro amigo, um irmão, nosso pai: indo, cada um, para o oposto do oposto. E aí olhamos pra frente, e vemos, de longe, aquela professora que amávamos na terceira série nos chamando. E para trás, uma nova pessoa – tão influente quanto todas as outras – acenando ‘vem, vem por aqui’. E a gente hesita. Meio desnorteado. Sem saber a quem seguir. Para onde ir. ‘Para que lado’, a gente pensa? Para que destino, se nenhum daqueles acenos nos apontam para onde intuímos. Aí, a gente senta. No meio da encruzilhada. Cansados. Com a mochila nas costas e uma garrafa de água na mão. E começa a prestar atenção na terra sobre a qual estamos. Nas diferentes pedrinhas que se unem ali para fazerem aquilo que chamamos unicamente de chão. E percebemos que um mesmo chão são vários. E olhamos para os nossos braços. E vemos que cada pelo ocupa a sua posição. Que cada osso do corpo se faz outro. Que cada dedo aponta, na mão, a sua própria direção. E quando levantamos a cabeça. Conseguimos perceber uma nuvem. Indo bem devagar para um lugar que talvez nem seja mesmo um lugar. Que talvez só seja uma forma de estar. E, com o pensamento na nuvem, ficamos um pouco mais leves. Ela não tem pressa. Nem parece ansiosa sobre para onde os ventos irão levá-la. Ela só se deixa ir. Confiando que aquele é o seu caminho. Confiando que aquele caminho dado pelos céus é tudo o que ela precisa. Aí, você se levanta. Sente esse mesmo vento que ventava a nuvem ventar em você. E dá um lento e longo aceno para todos aqueles que estão por todos os lados. Agradece-lhes a dica, põe a mochila nas costas e segue. Na estrada. Da sua própria caminhada.
*Crédito da Foto: Joshua Fuller.