Às vezes eu me cobro. Poderia ter feito isso, feito aquilo, lido mais livros, estudado mais horas, ter mantido aquele emprego público, ter lutado por aquele cargo, ter conseguido aquela promoção, aquele outro título profissional, etc etc e tal… Mas depois eu vou me lembrando de tudo o que já fiz nessa vida. Vou me lembrando de todas as pessoas que passaram por mim, de todos que ficaram, te todos que amei, de todos que me amaram, dos lugares para onde viajei, dos papos que troquei, das palavras com que me inspirei, dos risos com que chorei…. E foi tudo tão bom. Foi tudo tão válido. Palavras tão sinceras. Trocas tão singelas… E foi só eu me lembrar disso, que tudo se justificou. Tudo passou a fazer sentido. E todo o tempo – teoricamente perdido – foi recuperado. E a paisagem do mundo ganhou um filtro daqueles que deixam as fotos de nossa galeria ainda mais vivas. E a vida me estufou o peito com uma sensação profunda de alento. E eu vejo que, tá, ok, eu posso não ter chegado a ser a bambambam disso, nem a master mega hiper top daquilo. Mas em tudo o que eu vivi, houve entrega. Nada do que eu fiz foi sem sonho. Nenhuma experiência foi meia, vaga, vazia. Em tudo eu sempre tentei estar presente, com a alma aberta. E aí eu me tranquilizo. Fico em paz por dentro, com o sorriso silencioso de uma smile face estampado na cara. E percebo que se teve uma coisa em que eu fui – e acho que serei cada vez mais – bem sucedida, essa coisa foi viver. Viver pra mim é a minha experiência de sucesso. E acho que, se pensarmos bem, é a de todos nós.