Como escritora, um dos meus prazeres é fazer o papel de observadora, seja no mundo real, seja no virtual. E passeando pelo instagram, observei que várias pessoas têm, em seus álbuns, fotografias de flores. É como se o olhar dessas pessoas se surpreendesse com algo tão singelo como uma rosa, uma camélia, um girassol ou uma maria-sem-vergonha. É como se a beleza fizesse uma aparição tão súbita, que merecesse um clique que a levasse à imortalidade. As flores que aparecem no caminho são aqueles instantes em que a magia do mundo, de repente, entra pelas frestas de nossa vida ocupada. É como se aquele mínimo nos raptasse os olhos da correria dos dias, nos surrupiasse de nosso caos rotineiro para dizer: ‘olha, presta atenção, há flores pelo caminho’. E aí eu fico pensando que esses arrebatamentos, essas epifanias, são o ápice dos momentos que nos justificam estar aqui. São essas pequenezas que, de tão mínimas, tornam-se os flagrantes concentrados, tão máximos, que são capazes de nos raptar do automatismo do olhar. E percebo que expor essas flores em seus tão seus álbuns talvez deva ser uma maneira de compartilhar a natureza que está presente em todos nós. Uma maneira de espalhar as sementes da beleza que sempre encontra um meio de florir as paisagens dos caminhos… E entendo que compartilhar essa natutureza é fazer, de alguma forma, reviver em nós algo que a vida nunca nos deixa de ser. A exuberância de um jardim naturalmente divino. * Obs: Se você é uma dessas pessoas que soube reconhecer as flores pelo caminho, obrigada. Você foi alguém que fez o meu olhar despertar.
Crédito da Foto: Papaver Rhoeas.
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