Domingas Alvim

Escrevo e me batizo com a água santa do caos das palavras. Escrevo e faço de mim a correnteza do rio, o riso da lágrima, o sol da chuva, a vida do avesso. Escrevo e assim conheço o que desconheço... Na escrita, reencontro os que nunca encontrei, mato as saudades das memórias com as quais nunca sonhei. A escrita é meu pouso, meu refúgio, o lugar para onde eu fujo quando quero me encontrar. Profundamente... Se escrevo, é para tentar me buscar. Se escrevo, é para tentar te tocar. Na palavra respira o meu ar. Nela, redescubro o amor que me gera e fico mais perto da vida... Escrever é só. Só a minha maneira de pegar o mundo com as mãos…

Querido Medo,

Querido Medo, escrevo para dizer que não temos mais como sustentar essa relação. Você não cabe mais em mim. Hoje, percebo o quanto me perdi em suas falsas promessas, o quanto fui frágil, o quanto de esperanças desperdicei, o quanto de fé minei. Percebo que nossa relação termina aqui. Nossa relação termina aqui. Não que …

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Sobe aqui que eu te levo

          Quando eu era menor, costumava buscar meu irmão na escola, na garupa de minha bicicleta. Pedalava uns quatro quilômetros para pegar meu caçulinha. Ele tinha uns seis anos e eu uns onze. Ele saía do colégio todo suado. Eu chegava ao colégio toda suada das pedaladas. Apesar da diferença de idade …

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Ferro a vapor

Já estão passadas as flores do amor e todas as dores dos vestidos que as vestiram com tanto zelo Já estão passadas as bainhas da agonia, as gravatas do sufoco, os ternos das sombras e brigas Já estão passadas e dobradas e guardadas e desabotoadas sem perfume as camisas da separação.