Em teu nome guardo um raio de sol. E uma tempestade de verão. Sou um barco à vela nas praias de um deserto. Tentando buscar na bússola desnorteada o astrolábio do teu beijo. Aguardo a noite pelas estrelas. Mas as nuvens aparecem enterrando meu mapa no céu. Só a espera navega nas águas oceânicas da esperança. Se ao menos o infinito do horizonte se renascesse em nós. Se ao menos você soubesse ser mais do que uma onda à deriva no fundo do mar… Aos poucos, as imagens das lembranças se assentam nos olhos da noite. A sombra dos teus cabelos é cheia da escuridão da substância que me assombra. A névoa espessa desce sobre os olhos madrugados do meu rosto. Fechando a ânsia e a âncora da resistência. Como quem acompanha um navio se perdendo no longe do olhar, um gesto no meu peito me diz que você não vai voltar. Quando sopra o vento contra a janela, no estrondo daquilo que se fecha com brutalidade, sinto tua voz. É a natureza me revelando o adeus que você de me explicar se esqueceu…
Crédito da foto: Calebe George.