À flor da pele é como eu me faço pro mundo. É como a vida me habita, como a noite me entra, como os dias me nascem do fundo. À flor da pele, é como o viver se derrama em mim. Feito fonte despejando jorro, transbordando vontade, efervescência de desejo. À flor da pele é que eu beijo a boca de quem amo. Como se fizesse do ar que falta o olhar. Como se fizesse da mão que toca uma sabedoria. Porque nos seus gestos se perdem todos os meus poros. Porque nos seus sorrisos, se riem, sozinhos, todos os meus sonhos. E o amor faz-se a coisa rara, a pedra sem aspereza, o rio nas bordas daquilo que não consegue se conter em si. À flor da pele, nossos corpos se rendem. Um ao outro. Como se escrevessem, na escuridão das galáxias, o tratado das estrelas…
Crédito da Foto: Anna Sastre.