Ok, eu confesso. Sou uma acumuladora. Acumuladora de coisas que não se acumulam. Acumulo viagens, mares, sóis, danças olhando pra lua. Acumulo banhos de chuva, amigos, rios, montanhas, desertos, orlas, olhares. Acumulo arco-íris no meio da estrada, músicas de karaokê, carnavais fora de época. Acumulo tempo na pele da alma, sorrisos frouxos, reflexões e pensamentos profundos. E também pensamentos rasos… Ah, todo mundo tem seus dias mesquinhos, vai… Acumulo paisagens inesperadas, papos maravilhosos em filas de espera, pessoas. Aliás, essas eu acumulo sem dó. Minhas gavetas estão abarrotadas delas. Acumulo cheiros, de café, de bolinhos de chuva de vó, de maresia, de grama molhada. Acumulo abraços, beijos, cafunés. Acumulo fotos e postais nos envelopes da memória. Acumulo sonhos, sentidos e sentimentos vastos. Acumulo toques, toques, toques. Acumulo versos, silêncios e algumas saudades muito apertadas. Tudo aquilo que não se deixa acumular, eu acumulo dentro do lugar onde mora o meu sonhar. Pois as coisas mais essenciais dessa vida são as que não se deixam guardar. Então, eu acumulo tudo o que não posso acumular. Dentro do meu coração que bate na vida que é pulsar. Pois sei que essas imatérias são as experiências que, no dia da minha partida, na bagagem do que não se leva, eu sonharei levar.
* Crédito da foto: Mark Adriane.
Mandei esse para o meu pai. Lindo, que esses sejam nossos acúmulos de vida. Beijos, amiguinha.
Você é mesmo fofa, né, amiga. Acho que pode ser bom para ele, sim. Te amo!