Vejo que algumas pessoas confundem as coisas. Acham que amar é se perder para o amor. E não é bem isso. Amar é se perder “no” amor, mas não “para” o amor. Quando a gente se perde no amor, estamos dentro dele, perdidas por seus labirintos, sem qualquer temor. Estamos entregues à perda, porque sabemos que no amor nada se perde, só se acha. Agora, quando pensamos que amar é se perder “para o” amor, então, confundimos os canais. Trocamos de seriado e acabamos saindo de um romance e indo parar num filme de terror. Porque se perder “para” o amor, quer dizer que você se rendeu a ele, como se ele fosse um poder, um chefe, um cara lá em cima de um pedestal e você fosse a sua vassala, submissa. Mas amor que ama de verdade, não pede submissão. Ele nem acredita nisso. Porque amar é se igualar. É se colocar no mesmo nível. Ocupar a mesma altura no pódio. Aliás, no amor não há pódios. Nem competições. Só há ajuda, cooperação, braços dados, um trabalho de equipe, onde todos são igualmente importantes dentro da quadra. Não há medalhas, porque não há perdedores. Qualquer um que estiver dentro do jogo já é campeão. Um sempre torce pelo outro. Um sempre estende a mão. É assim que se pratica o amor. É assim que o amor se alimenta, se vive. Então, vai lá. Se entregue ao amor. Viva-o como só ele se vive, no mais vivo do pulso. Mas nunca ache que, ao se encontrar no amor, você se perderá de si. Isso não é verdade. O amor não requer a sua perda. O amor não quer que você deixe de ser quem você é. Pelo contrário. Ele te ama porque você é como você é. Quando amamos de verdade, é porque nos encontramos. Nos encontramos em nós. Amar o outro é apenas um novo aprendizado daquele amor que já vivia em nós mesmos. Quando nos amamos, aprendemos que o amar é um verbo que se faz primeiro em nossa própria sala de estar. Depois, sim, a gente convida os outros pra entrar. E serve os cafezinhos. (e o seu? Quer com açúcar, puro ou com adoçante? Rsrs)