Céu nublado de azul

É um sentimento que não sabemos como chega. De onde vem, filiação, nada. Anônimo, ele chega. Uma espécie de aperto. Peito sufocado. Angústia. Nem sempre a gente se dá conta de que está de pé. Há dias em que o chão é nosso melhor divã, uma solução. E a gente se esforça. Sabe que amanhã vai passar. Sabe que, logo,logo, esse dia vai terminar. Mas hoje, ao menos hoje, pelo menos hoje, só mesmo o chão para abraçar. Uma falta de ânimo. Uma tristeza. Uma nostalgia nascida de nenhum lugar. Uma falta que não se pode explicar. Sem início, uma perda do ar. Não há razão, não se acha o motivo. Uma aflição em que qualquer tentativa de compreensão é mero pesar. E a gente passa por esse dia. Por esse mais um dia. No automático. E pra quem aparece, a gente diz: bom dia, por favor, olá. Mas por dentro, aquele lugar está lá. Como uma nuvenzinha escura sombreando, do dia, o seu aspecto solar. No fundo, bem fundo, alegre a gente está. Pois sabe que, apesar deste apesar, nós não somos a nuvem. Nós somos o céu por detrás. Onde o azul radiante. Prevalecerá.

 

Crédito da Foto: Idella Maeland.

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