Quem nunca teve medo do escuro, medo daquela professora malvada, medo de apanhar do pai quando fez uma “m” daquelas, medo… O medo nos é algo inseparável. Está presente em qualquer ocasião. É instinto, proteção natural que não aparece somente nas horas de risco, mas também nos momentos em que estamos prestes a nos entregarmos a coisas boas.
Já sentimos medo antes do primeiro beijo, antes da primeira transa, antes de dizer sim no altar, antes de parir um filho… Contudo, o medo não nasceu sem cura. Tem dois lados. E se numa face da moeda a cara é de angústia, na outra, a coroa é da coragem.
Coragem… No dicionário sua definição é “a habilidade de confrontar o medo, a dor, o perigo, a incerteza.” Coragem é o que nos faz seguir pisoteando os monstros que se escondem sob nossas camas. Alguns nascem cheios dela e nos fazem pensar que não sabem o que é o medo. Sabem! A diferença é que aprenderam cedo que quanto mais tempo se mantiverem na fila do medo, mais tempo levarão pra se livrarem de suas dívidas… e dúvidas.
O seu problema é o medo de ouvir um não?! Aja de uma vez e torça pelo sim. Livre-se da angústia da incerteza e, pelo sim pelo não, siga adiante. É assim que nocauteamos um medo, vencendo-o como quem mata um leão com as mãos. Matar um medo é fazer por você o que só você poderia. Então, se joga, vai de encontro a ele e, ganhando ou perdendo, comemore, ainda que apavoradamente.
Não há medo que se enfrente fugindo. Você pode se machucar? Pode. Mas quem nessa vida não aprendeu alguma coisa depois de um bom tombo?! Em qualquer circunstância, para se vencer um obstáculo é preciso fazer nascer a coragem. Tirá-la do peito, do pensamento, do espírito. Não importa como ela venha, desde que venha. Coragem para crescer, para viver e até para morrer. Coragem e coração para saltar de paraquedas, para escalar os picos do mundo ou, simplesmente, para se declarar a um amor.
O negócio – ou o bom negócio – é trocar o medo da dor pela adrenalina da vida. De vez em quando, pedir uma forcinha aos amigos. Aquele empurrãozinho que nos fará sentar na frente do volante e dirigir tranquilamente por nossas antigas estradas assombradas. É que o medo dá um tom lúgubre à paisagem. E se nele há chuva, na coragem se esconde um lindo dia de sol.
Vencer um medo – e nisso se incluiu uma dor – é o melhor dos triunfos. É a glória pessoal, mesmo que esse medo seja bobo. Mas saiba que nada é bobo se nos impede de nos livrarmos de nossos fantasmas…
Só mesmo agarrando pelos cabelos as emoções que nos amedrontam é que subimos nossas âncoras. Saciamos angústias. Ficamos mais fortes e vemos os entraves de outrora virarem pontos distantes em nosso mapa. É claro que existem aqueles que dizem ter tanto medo que não conseguem sair do lugar. O medo os imobiliza. Para mim, esses são os mais corajosos. É preciso mesmo muita coragem para se estagnar por tanto tempo numa vida tão curta. Aliás, é preciso uma coragem suicida pra isso. Eu diria uma coragem de ka-mi-ca-ze…