Nenhuma palavra me diz o que sou. Nenhum conto o que fui. Nenhum romance o que serei… Se somos hoje, poderemos continuar amanhã. Nós sem mais um, mais dois, três… Nós somos apenas: eu e você.
Quero ser amante, amiga, mulher… Não me peça só a esposa.
Quero ser paquera de praia, ficada de boate, rolo de verão, lareira de inverno, vida a dois, alma a um,
em comum
em diferente
em desacordo
em desacato
Com dois ser livre pra ser par de um
Ou revolucionar: ser ímpar em par.
Quero tomar chuva quando der na telha
E quando der pra dar no telhado: Ótimo!
Quero pular por seus galhos e conhecer seus ramos, faces, todas
Em suas raízes-genealógicas, perder meus botões de pele.
Na repartição do seu corpo, divisão de peitos, braços, pernas e olhar,
Olhar seu sorriso de sexo em lábio de boca.
Quero ser seu espelho, ver meu rosto no seu refletir, sentir o seu pensar
Sem cobranças, só estar…
Tudo preto no branco
Moreno no loiro
Ou indefinição de tom
Um colorido meio borrado
No quadro inteiro cinza da vida
Comprometida
Lado a lado
Por hoje, amanhã, por ontem
Sem hora marcada
Sem certeza de tempo
Sem certeza de que somos certos
E, se acaso não formos,
sejamos erro!
E erremos pra sempre
Errantes juntos…