Meu pai era político, arquiteto, filósofo, professor… Era um cara fora de série que largou todo o berço de família por uma casa humilde, uma cidadezinha de praia, uma vida de essencialidades e paz. Foi dar aula em faculdades e colégios porque o que esperava da vida era a tranquilidade. Meu pai morreu aos 39 anos, quatro dias antes do meu oitavo aniversário. Não tive festa naquele ano. Nem em muitos outros à frente. Tenho poucas memórias, mas as que tenho já me dão uma boa noção da pessoa que ele foi.
Havia uma coisa sobre meu pai que, na época, eu não gostava, mas que hoje eu vejo o quanto foi importante na minha formação. Meu pai me fazia escolher. Ele sempre procurou me colocar entre duas coisas. Ele me mostrava as vantagens e desvantagens das duas e, no final, dizia: “Filha, a escolha é sua.”
Aprender a fazer escolhas é importantíssimo na formação de qualquer pessoa, independentemente da idade. Fazer escolhas é assumir a responsabilidade por aquilo que você escolheu. Se depois de ter escolhido um brinquedo, eu chegasse em casa e emburrasse porque queria o outro, ele simplesmente dizia com doçura, mas com firmeza: “Filha, foi você quem escolheu.” E, pronto, eu tinha que dar um jeito de ficar feliz por aquilo que havia escolhido ou, então, aprender a, na próxima oportunidade, escolher diferente. E a vida é isso. Escolhas e aprendizados.