Galinha: substantivo feminino. Ave com asas que não sustentam o voo.
Galinha: adjetivo masculino. Homem aclamado por outros homens e algumas vezes também por outras mulheres por “pegar, ficar, trepar, descolar, comer, foder, martelar ou traçar” mulheres, de preferência, que caibam no estereótipo que ele possa ostentar.
Galinha: adjetivo feminino. Mulher desqualificada por outras mulheres e por outros homens por se deixar “pegar, ficar, trepar, descolar, comer, foder, martelar, traçar” por homens, de preferência, também Galinhas.
É. Nossa língua nos denuncia a ouvidos vistos e a gente segue fazendo vista embaçada. A forma como nos expressamos, define a maneira que o mundo enxergamos. Enquanto o substantivo Galinha, ave, apesar de levar o artigo feminino, tem conotação neutra; o adjetivo galinha tem pesos bem diferentes – opostos até – dependendo do gênero do substantivo humano que o antecipa. Se o mesmo for homem, ótimo. Admitido. Permitido. Aplaudido. Mas, se for mulher, péssimo. Repudiado. Difamado. Excluído. É… e depois ainda tem gente que diz não entender a necessidade dessa “historinha” de empoderamento feminino que, na verdade, busca apenas colocar a mulher no mesmo patamar do homem já que, afinal, estes são ambos substantivos humanos e, como tal, deveriam ter o mesmo peso político, econômico e social, humanamente, reconhecido.