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Quem me dera um dia falar a língua do fogo
na oração das portas que se abrem
como os portais das antigas cidades romanas aos estrangeiros escravos
o abraço por uma estrutura de pedra
Quem me dera um dia falar a língua do fogo
todo calcário das pedras em arco sobre as cabeças
um passo sobre a terra e uma amiga
que acaba de regressar de Kuala Lumpur cheia de histórias orientais
‘não conheço’, eu lhe digo, mas um dia, quem sabe
E sentir o pressentimento de um colar de conchas
envolvendo meu pescoço
O mar batendo suas orlas por dentro e a vida, por fora, sendo chão
e areia.
Um rosário budista de 108 contas na mão, os obstáculos, as paixões
a corda do Dharma penetrando o espírito do homem
uma reza nas vestes do silêncio escorrido pela janela
nas gotas da chuva a embaçar a imagem do tempo
por detrás do vidro, nossa antiga condição de existência
90º exatos, a condição da moldura
na madeira cheia
de cupins.