Você e suas palavras. Sempre suas palavras. Diz isso, diz aquilo. Um dia me conta um conto de amor. Na semana seguinte, me narra um romance. Diz que todo esse tralalá é a nossa história. Que me vê como a sua protagonista, que me vê como a sua mulher, esposa, amante, namorada, amiga, ex, sei lá mais o quê. Cada hora é uma hora. Cada hora é uma história. História, história, história. Mas quando é que suas palavras de papel viram verdade? Quando é que nosso romance entra em ação? Toda vez uma desculpa, um novo conto, uma nova crônica. Ai, que preguiça. Não fala mais nada, baby. Cala um pouco. Deixa o silêncio nos envolver. Erótico. Assim. Isso. Deixa ele penetrar em nós. Me beija. Me chega. Me coloca junto do seu corpo, me faz ser parte dos seus braços, da sua boca, do seu espírito. Me faz ser sua. Toda. Inteira. Entregue. Porque eu sou feita de entrega. De sentimento vivo. Esse papinho furado. Esse seu roteirinho de comedinha romântica batida, ai, sei lá. Não é pra mim. Fala menos e age mais. É assim que a minha vida acontece. É assim que meu romance ama. O resto, deixa pra fora do quarto, da cama, do sofá, da câmera, da cena. O resto, deixa longe dos seus bolsos, junto com seus papéis e suas canetas. Deixa tudo pra lá e foca aqui, ó. Que é aqui que estou pra você me contar.