Minha árvores, seus frutos’, por Domingas Alvim. Às vezes eu não entendo… e não me entendo. E, ao não me entender, eu entendo que não me entendo sem você. Sem você que me faz entender por que escolho querer ficar quando achava que queria ir… Apesar do meu grande atrevimento de cometer o desatino de escolher o que querer.. Atrevendo-me a ser o que eu quero. Eu… Como eu quero querer você para sempre como quero hoje. Comer tanto esse querer até ficar com o sono de depois do almoço. Você que me faz escolher você e, portanto, a mim. Me amadurecendo como o tempo ou na idade do momento. Encontrando no meio de mim um meio que me faz virtuosa… pois a virtude aristotélica está no meio! E, assim, você está, no meio de mim, no meio de nossos nós, no meio do meu florescer para um novo eu que amanhece trazendo os frutos maduros do meu outono. Um meio para que eu reencontre as cem ou as “sem razões do amor” de Drummond. Um meio que se mete no meio de mim pra me dar cara nova e pra me apresentar a mim mesma. Nova vida. Nova alma. Inteiramente minha. Inteiramente sua. Inteiramente meia nossa.
¨*Texto retirado do meu livro ‘Poços dos Desejos’.
Crédito da Foto: Anne Edgar.