Você abre seu Facebook. De cara, a foto dele com uma outra ela. Ou dela com um outro ele. Ou dela com uma outra ela. Ou dele com um outro ele. O gênero aqui tanto faz, o que importa é que ele/ela agora são outros. Outros que não são você. Você, que ainda por dentro é um sentimento vivo. Você, que sem saber já é passado na vida de quem foi seu. Você, que acorda da esperança do sonho no grito ensurdecedor daquela imagem cuja legenda era algo do tipo que você também lia. Declarações. Frases românticas. Dedicatórias. Tudo o que era pra você agora vai pra outra caixa postal. Naquela esquina da rede social, a vida te diz que sua hora passou, que sua fantasia acordou. E você percebe que o tempo dos sentimentos são outros. O nosso é um e o do outro é outro. E você pensa: ‘poxa, ele poderia ter sido mais cuidadoso. Ter tido um pouco mais de consideração. Afinal, nós tivemos uma relação’… Mas depois você se repensa. Se lembra da última vez que trocou de amor e achou que exibir o novo tal também não era nada mal. Afinal, era você quem exibia o que o ex-outro ainda não sabia. Então, chocada com a capacidade do outro atual de não ter empatia – aquela mesma que você também não teve com o ex-outro do passado – você deleta, exclui, bloqueia. Corre do mundo virtual na tentativa de fugir da dura realidade do real. Mas nada adianta. Ou você acha que o que os olhos não veem o coração não alcança? Assim, você se limita. Refugia-se no trabalho, nos amigos, na família. E eis que, mal passado o verão, você começa a rejogar o jogo da imitação. E são posts pra todos os lados. Com a sua nova versão. E, claro, na sua nova edição, você tem um novo astro. Em exibição.
Crédito da foto: Toni Hukkanen