E de repente eu me descubro apaixonada. De repente, me redescubro viva de vida. Porque estar apaixonada é estar coberta de vida. De sonho. De um olhar vivo à existência. De repente, olho para a minha cadelinha e digo: eu te amo. Ela não entende. Mas sente. E isso é mais importante que qualquer compreensão. Porque as palavras podem não dizer o que sentem. Mas o coração diz. O coração sabe ser beleza e sensação. Ele sabe como receber luz e traduzir, das palavras, o calor. Ela me sorri com o rabo abanando. Ela sabe que meus olhos a olham como um ser vivo, cheio do milagre da vida que nos habita, mas que nós esquecemos. Porque estar vivo é respirar milagres. É expressar-se com as palavras divinas que não precisam dizer nada para serem encantadas. Sinto-me tão viva hoje. Não é todo hoje que me faz viva. Mas há hojes como o de hoje em que eu me sinto. E meus olhos enchem de um tipo de lágrima que não há sequer um grão de sal de tristeza. É só gratidão. Como se o ar que me envolvesse fosse a própria mão de Deus e eu fosse um pequeno pássaro recuperado do chão e devolvido ao ninho.
*Crédito da foto: Jerry Kiesewetter.