‘Você quer eu te conte a minha história?’, disse ela, no meio de uma conversa. Quero sim, por favor. ‘Então, minha vida começou quando perdi minha perna’. Oi?, acho que não entendi, pensei. ‘É, foi depois daquele acidente que eu me encontrei. Antes eu tinha um trabalho que não gostava, eu era quem não admirava, eu vivia sem perceber o que de fato era viver. Aí, foi só o acidente acontecer, que minha vida passou a ser viva. Eu comecei a ver o que tinha, fazer o que queria, trabalhar no que gostava, amar o que amava. Ao me perder de uma parte importante de mim, eu me achei. Nas pequenas coisas. E hoje, me sinto inteira. Como nunca antes.’ E depois alguém chegou e a conversa tomou outro rumo. Mas essas palavras ficaram ecoando em mim. E fui pra casa me perguntando: quanto da vida temos que perder para aprendermos a nos viver?
(*em agradecimento a Flávia, uma pessoa especial que me trouxe este aprendizado)
*Crédito da foto: Jean Gerber.