Não sei seguir rebanhos. Tampouco tenho saco pros roteiros previsíveis. A vida é muito curta. Gosto de experimentar. Estou aberta a ser cada vez mais aberta a experimentar. Viver é amplo, queda-livre, imensidão. Numa vida cabem mais caminhos do que as linhas inscritas em todas as mãos. Seguir o que me foi mapeado, marchar com um sorriso aflito? Pra quê? Por quê? Pra quem? O que não é pra mim, não é. E o que for, que seja meu, sem peso nem pesar. Só a instância viva da vida a se vidar. Vida, minha vida, disso, sim, eu estou a fim. Estou a fim de viver fora das caixas, dos armários, das gavetas, das lâmpadas. Deixar essa coisa de viver preso a um padrão pra quem curte viver de repetição. Eu sou simples. E por isso quero conhecer das complexidades, das bordas e extremidades. Quero entender a poesia dos bichos, escutar a língua das flores, entender melhor o ângulo da luz que brilha num olhar. Quero viver as ânsias dos sorrisos, entender das palavras escondidas nas estrelas. Não quero as capas das revistas. Nem a inveja dos que buscam a fama sem conteúdo. Não. Quero ser apenas o que sou. Na leveza que isso me traz. Acordar e ficar de moleton, sem um pingo de maquiagem no rosto, sem nem lembrar que existe batom. Comer meu bolinho de chocolate no final de semana, passear com meus cães no meio da tarde. E depois virar a madrugada inteira escrevendo, lendo, fazendo aquilo que só eu me vejo fazendo. Não quero que sejam por mim, nem quero ser igual a ninguém. Só quero seguir sendo assim. Uma pessoa. Nada de mais. Nada de menos. Eu e eu só. E que as cópias, as modas, os desejos de reprodução descansem em outro lugar de sedução. Brinquem e desçam numa outra estação. Enquanto isso, eu fico assim. Vivendo a vida que eu mesma ando escrevendo pra mim.
*Crédito da foto: Darius Bashar.