Saudade é palavra que só existe na língua portuguesa. Quer dizer um sentimento que não sabe o que faz para se dizer. Diz uma coisa tão de dentro, tão profundamente linda, que só quem sente é que a sabe entender. Saudade se faz à distância, um pensamento e um regresso, que por um breve processo, nos faz ao lar voltar. Saudade é quando achamos dentro de nós o que fora não está. Uma coisa que arde inteira sem chama, mas que, ao transbordar no interior, pode fazer o mais robusto corpo chorar. Meu peito já chorou por ela e muito ainda pode ser que venha a lacrimejar. Mas a vida não é só de lágrimas. Pode também ser rio de risos. E quando a saudade vem toda cheia de faltas, logo tiramos do passado uma frase que achávamos perdida, uma lembrança por muito esquecida, algo que podia ter se rendido, mas se manteve lá. Onde a saudade desperta, dorme a despedida. Somos tão humanos. Tão breves. Tão logos. Somos o que somos e a saudade saudamos. Entra, Saudade. Senta no meu colo e me envolve em seu abraço. Faz do meu peito um abrigo, do meu sentimento um amigo e, pro longe da vida, partamos, como quem encontra nos cabelos do vento o cheiro de um imenso entendimento.