Sempre que eu penso em começar algo, a primeira coisa que passa pela minha cabeça é que eu, pela minha idade, ainda tenho muito tempo para poder realizar o tal projeto. Penso que minha mãe foi fazer psicologia aos 55 anos, após ter se aposentado como professora de Literatura. Penso que, contando-se a expectativa de vida de uma brasileira média, que é a de mais ou menos 70-80 anos, eu, ainda tenho um longo caminho de tempo pela frente. Mas hoje me aconteceu algo interessante. Ao pensar que eu teria muito tempo para começar um novo plano, um novo direcionamento de vida, fui barrada por um outro pensamento. Um atropelamento, na verdade. O de que eu não tenho um futuro. Eu só tenho um presente. Só o hoje existe. Então, para este novo plano, só me caberia um primeiro passo, já que todo o resto seria uma suposição de que um amanhã mesmo existiria e de que o futuro caberia em mim como nas tabelas das instituições que medem a idade média de uma população. E ter essa consciência foi libertador. Foi pensar que não preciso pensar no tempo do amanhã. Foi me revelar que a minha abertura deve se dar apenas a este dia, que mal sei eu se irá ter tempo de terminar. Leveza é quando tiramos um peso da alma. Essa coisa que faz a gente postergar os sonhos ou achar que alguma coisa além do hoje existe.
*Crédito da Foto: Patrick Tomasso.