Olho pro lado e vejo as pessoas olhando pro lado. E pra frente e pra trás. E apontando os dedos. Ele é isso, ela é aquilo, fulano é assim, o outro é assado. Sei lá, às vezes acho que as pessoas perdem tempo demais querendo promover mudanças nos outros e tempo de menos olhando para si mesmas. Eu só tenho essa vida para me aperfeiçoar em mim. Eu não posso mudar ninguém. Claro, posso ajudar – e sempre que posso, tento, desde que a pessoa me peça ajuda. Senão, respeito. Cada um tem seu tempo. E eu entendo isso. Mas não entendo o fato das pessoas não entenderem que não é apontando as falhas do outro que nós vamos curar as nossas falhas. No fim das contas, todos os telhados são de vidro. E eu só posso cuidar das minhas telhas. E por isso fico em cima do meu telhado. Diariamente. Vendo como posso melhorá-lo. Como posso me melhorar. Como posso fazer do meu olhar um olhar melhor para não ver o mundo tão gasto e embaçado. É difícil. Claro que é. Se fosse fácil todos seríamos deuses. E não somos. Somos humanos. Humanos o suficiente para sabermos que podemos melhorar. Nos tornarmos pessoas melhores para, quem sabe, assim inspirar os demais. Mas não é olhando pro outro e tentando descobrir onde ele pode melhorar que eu melhorarei. Não. Cada um tem que fazer a sua parte. Olhar pro seu espelho. Encarar o seu abismo. Enfrentar os seus medos. Dar remédios pros outros é fácil. Difícil mesmo é aprender a se remediar contra os nossos próprios venenos…
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